Coluna Raquel Faria – Jornal o Tempo
01/09/17
Minas X Renca
Com a autoridade de quem acaba de ser reempossado no Sindiextra-MG e confirmado como o grande líder dos mineradores de Minas, José Fernando Coura está fazendo críticas contundentes à decisão federal de extinguir a reserva de Renca (AP) para aumentar a produção mineral. “Não tem que desmatar para o setor crescer”, disse à coluna. Mesmo tentando controlar a braveza, Coura deixou visível a sua indignação com a opção feita em Brasília de privilegiar a mineração na Amazônia e desprezar a mais antiga província mineral do país: Minas Gerais.
Samarco e Apolo
Coura lembrou que serão precisos muitos anos e recursos para extrair em Renca a produção da mineira Samarco, que poderia estar gerando US$ 03 bilhões/ano em exportações e permanece parada desde o acidente com sua barragem em Mariana. “A prioridade devia ser a solução do caso Samarco. Que se puna quem tiver de ser punido, que se definam os danos a reparar e as exigências a cumprir. Mas a empresa tem que voltar a operar”, defendeu. Segundo o líder minerador, há vários projetos esperando investimentos no nosso estado, tanto para expansão de minas como para abertura de novas frentes. O Apolo da Vale, em Caeté, aguarda há anos no papel. No entanto, o governo federal não fez “nenhum gesto para Minas”.
A lista cresce
As compensações em aberto pelos prejuízos com a Lei Kandir, as usinas da Cemig ameaçadas de leilão e agora a liberação de Renca em detrimento da mineração de Minas: a lista das perdas do estado não para de crescer no governo Temer, único presidente que não nomeou nenhum ministro mineiro nem pisou em terras mineiras em um ano de poder.
Insensato ato
O líder minerador morou por 10 anos no Norte. Conhece Renca. Tem base para considerar absurda a exploração mineral da região coberta por floresta e habitada por índios. “Para que desviar recursos para áreas de preservação se já temos uma indústria mineral instalada para desenvolver?”, questionou. Na sua visão o Brasil deveria investir na infraestrutura e produtividade das operações já existentes, em Minas e outros estados, antes de sair abrindo novas minas, ainda mais na Amazônia.
Volta às origens
Em fevereiro Coura saiu do comando da entidade nacional da mineração, Ibram, que ocupou por 05 anos, para reforçar a atuação no estado. Ontem, 03 dias após reassumir o Sindiextra-MG, ele prometeu “unir a indústria mineral de Minas” em defesa do setor e da economia do estado. “Deixei de ser brasileiro e voltei a ser mineiro”, disse em tom de desafio.