ITV de Ouro Preto testa equipamento que reduz umidade do minério de ferro
02/12/16
Pesquisadores do Instituto Tecnológico Vale (ITV) de Ouro Preto (MG) estão prestes a testar uma tecnologia que poderá reduzir um impacto que, há anos, recai sobre o custo de produção do principal produto da empresa: a umidade. Atualmente, o minério de ferro da Vale embarcado no porto apresenta, em média, 9,5% de umidade. Ou seja, tomando como exemplo o Valemax, maior mineraleiro do mundo, de 400 mil toneladas, isso representa 36 mil toneladas de água que saem do Brasil e seguem para os principais clientes da empresa do outro lado do mundo.A origem da água no minério está relacionada com a própria composição física do mineral, mas o beneficiamento realizado a úmido aumenta a umidade. Processos como a flotação, usada para aumentar o teor de ferro do minério, usam água. A água representa um dispêndio maior no seguro da carga transportada no navio, e, em alguns casos, pode provocar a interrupção de um carregamento no porto.
A legislação internacional, a TML (Transportable Moisture Limit), regulamenta que o limite máximo da umidade é de 10,45%, por exemplo, para certa região de embarque do minério de ferro. Quando o percentual de umidade ultrapassa o limite de TML no carregamento, o comandante do navio pode suspender a operação. E aí é preciso correr contra o tempo para fazer a blendagem (mistura) de minério no pátio e, assim, reduzir a umidade e reiniciar o carregamento. Isso tudo representa perda por lucro cessante”, explica Thiago.Há mais de uma década, a Vale estuda como reduzir a umidade, mas todas as soluções se mostraram inviáveis economicamente. Pelo método convencional, é possível usar secadores industriais, mas, por conta dos grandes volumes exportados de minério de ferro pela empresa, os custos de investimento e operação não compensam. Foi aí que entrou a solução que vem sendo desenvolvida pelo ITV há dois anos, que pretende reduzir entre 1% a 1,8% a umidade do minério de ferro.Ao invés de usar os secadores industriais, a saída foi adaptar o chute de transferência de minério de ferro como câmara de secagem. Os chutes são equipamentos fechados onde é realizada a mudança de direção das correias transportadoras, que levam o minério do pátio para o navio. Segundo Thiago, a ideia é injetar ar quente e seco dentro do chute de transferência de baixo para cima quando o minério estiver passando por ali, visando à remoção moderada da água. O equipamento proposto utiliza desumidificadores e aquecedores para tratamento do ar atmosférico, que é injetado no chute de transferência. A proposta é a utilização de um sistema movido a gás, podendo ser gás liquefeito de petróleo (GLP) ou gás natural.”Em testes já realizados, verificamos que o custo de redução da umidade pelo novo sistema proposto é bem mais barato que a secagem tradicional e pode ser economicamente viável”, explica. No chute de transferência, o processo de redução de umidade ocorre em três segundos, que é o tempo que o equipamento gasta para realizar a mudança de direção da correia transportadora. “Enquanto ele estiver realizado a mudança de direção da correia, o ar quente e seco estará sendo lançado sobre minério de ferro “, explica Thiago. A solução desenvolvida pelo ITV-MI será submetida a uma prova de conceito em escala industrial, prevista para ser realizada em fevereiro de 2017.
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