Na COP30 o tema principal é a economia para a transição
18/12/24
Presidente do IBRAM está otimista em relação aos resultados esperados na COP30. O Brasil, na liderança da COP, tem capacidade de coordenação, de dialogar, de aglutinar os países em torno de compromissos mútuos contra os efeitos das mudanças climáticas, diz Raul Jungmann
O empresariado brasileiro “precisa acordar” para o fato de que a COP30 – conferência sobre mudanças climáticas da ONU – terá como foco criar definições para expandir a bioeconomia visando superar a emergência climática, o que representa excelentes oportunidades de negócio. O envolvimento dos setores produtivos é essencial para o esforço global contra as mudanças do clima avançar na medida necessária. Simplesmente, não haverá condições para efetivar a transição energética se não houver definição sobre os mecanismos econômicos para fazê-la.
Essas ponderações foram apresentadas por Raul Jungmann, diretor-presidente do Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM), em seminário na noite desta 3ª feira (17/12), no auditório do jornal Correio Braziliense, em Brasília (DF). Sobre a urgência de a COP decidir sobre canais para financiar os esforços contra as mudanças climáticas, o chamado financiamento climático, e as resistências de países a essa questão, Raul diz que “o mecanismo da COP entrou em colapso no sentido dessas decisões”, em meio a um ambiente de desfragmentação global, pontuado por guerras e conflitos bélicos e político-econômicos entre países.
Interconectar mercados de carbono como solução para o financiamento climático
Segundo Jungmann, uma das soluções para o financiamento climático é interconectar os mercados de carbono, sem comprometer o desenvolvimento dos países com grandes áreas verdes preservadas. “O que os países mais desenvolvidos querem dos demais, como Brasil e países africanos e asiáticos? A conservação da natureza, mas ela não pode significar que vamos congelar o desenvolvimento desses países”, afirmou.
Embora a questão climática esteja no alvo da COP30, que será realizada no Brasil, em novembro, Raul Jungmann insiste que a economia e os negócios se destacam. “A COP30 é economia e representa oportunidades de negócios verdes para os empresários do Brasil e do mundo”, disse. Para engajar os setores econômicos, o Brasil está abrindo caminhos, como a nova política industrial, o plano clima e o plano de transição ecológica, mencionou.
Segurança mineral obrigatória para haver transição energética
Jungmann também defendeu que a COP30 estabeleça a necessidade de haver “segurança mineral”, ou seja, a expansão e da consequente oferta de minerais críticos e estratégicos para a transição energética. O Brasil tem condições de ser um dos principais fornecedores desses minérios. “Somos o 5º maior player em mineração e produzimos 1,4 bilhão de toneladas de minérios”, disse, completando que o Brasil ainda carece de um planejamento nacional para expandir a produção desses minérios.
Mineração se adequa à agenda do clima mundial
O dirigente do IBRAM frisou que a mineração do Brasil se adequa à agenda do clima, algo que precisa ser feito por todos os segmentos econômicos. A mineração estruturou seu inventário de emissão de gases de efeito estuda, considerando os escopos 1, 2 e 3. Estabeleceu uma ambiciosa Agenda ESG com 12 compromissos, planos de ações, metas e indicadores. Firmou publicamente compromissos e ações em prol da proteção e do desenvolvimento sustentável da Amazônia, via novas economias, região que está no coração das soluções relacionadas à crise climática.
Raul Jungmann está otimista relação aos resultados esperados da COP30. O Brasil, na liderança da COP, tem capacidade de coordenação, de dialogar, de aglutinar os países em torno de compromissos mútuos contra os efeitos das mudanças climáticas, pois o país guarda uma “identificação tanto com os países desenvolvidos quanto com os países subdesenvolvidos”, ressaltou. “Temos que acreditar que esta COP, no seio da Amazônia, realmente represente uma virada. Porque realisticamente não temos mais tempo e precisamos agir, de modo a não legarmos um mundo pior às futuras gerações”, afirmou.
No seminário CB DEBATE: Desafios 2025: O futuro do Brasil em pauta, o dirigente do IBRAM participou do painel “COP 30: protagonismo do Brasil no cenário externo”. Também participaram Rodrigo Rollemberg, secretário de Economia Verde do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC); Tatiana dos Santos Oliveira, especialista em Políticas Públicas; Ana Toni, secretária nacional de Mudança do Clima do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima; Gabriel Santamaria, gerente-geral e head de Sustentabilidade no Banco do Brasil.