POSICIONAMENTO IBRAM – ‘Acordo de Mariana’ quita passivo material, cumpre dever social para com as famílias e recupera Vale do Rio Doce
26/10/24
O chamado 'Acordo de Mariana' é uma reparação financeira aos atingidos pelo rompimento da barragem em 2015, que fecha uma longa etapa de negociações, durante a qual foram cumpridas medidas emergenciais no atendimento às vítimas e suas famílias, até sua quitação hoje (25/10) assinada.
No curso desse processo não houve hesitação em relação aos deveres das empresas envolvidas no trágico acidente. Muitas vezes, a frieza dos números e a complexidade do problema ofuscaram o esforço em fazer justiça aos atingidos de forma dramática pelo episódio.
Em acontecimentos dessa dimensão e dramaticidade, infelizmente o bem maior – as vidas – não pode ser reparado. Mas o dever de encontrar formas de reverenciar a memória dos que se foram, reconstruir as vidas dos sobreviventes e dignificar as famílias, foi sempre buscado.
O setor mineral também vive o luto por todas as perdas, entre as quais, grande parte de colegas de trabalho que formavam uma família empenhada no desenvolvimento do país. Com suas famílias convivemos, o que nos irmana no sofrimento, para além da atividade empresarial e econômica.
O acordo, cuja construção exigiu tempo e paciência, é uma vitória de todos os que por ele se dedicaram de corpo e alma. Mas é uma resposta também aos que tentam lucrar com a tragédia no exterior.
A assinatura do acordo pelo Estado brasileiro, representado pelas autoridades máximas de Poderes da República, revela a participação de todas as instâncias legais em sua elaboração e demonstra ao mundo que o Brasil respeita os direitos humanos, age subordinado à Constituição e, sobretudo, exibe capacidade de gerir suas próprias crises, em qualquer âmbito.
O ganho adicional, só menor do que a tragédia, está na lição dela extraída e na sua consequência imediata de reformulação do setor mineral, em transição para adequar-se, de forma gradual a padrões globais estabelecidos como parâmetro irrecorrível para o desenvolvimento econômico em tempos de emergência climática.
O caminho está traçado e leva inexoravelmente a um capítulo, já em curso, que tem os minerais como elemento essencial, indispensável e indissociável da nova economia.
A chaga da tragédia é a cicatriz a impedir qualquer desvio de rota que arrisque a repetição de tal drama humano.
A dívida material está paga. A humana, jamais será quitada, e a forma de valorizá-la é fazer de sua memória o fiscal de todos e de cada um.