Mineração é essencial para viabilizar a agenda global de sustentabilidade
11/10/24
A indústria mineral se consolida como protagonista da descarbonização e mitigação das mudanças climáticas, além de impulsionar a geração de energia renovável e o desenvolvimento de tecnologias avançadas, como motores elétricos e sistemas de inteligência artificial.
Essa é avaliação do Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM), que apresentou as estimativas de investimento e expectativas para o setor durante o Invest Mining Summit, evento realizado na B3, em São Paulo, que reuniu o ecossistema da mineração do país para conversar com o Faria Lima sobre um modelo de capitalização de juniors companies, na B3, como acontece no Canada e Australia.
Durante o encontro, Júlio Nery, diretor de Sustentabilidade e Assuntos Regulatórios da Ibram destacou o papel fundamental da mineração na transição do Brasil e sua crescente relevância no cenário global. Ele apresentou um panorama do setor mostrando que o Brasil possui cerca de 6.855 empresas de mineração, incluindo microempreendedores individuais e cooperativas, que geram de 218 mil empregos diretos. São 18 mil unidades produtoras espalhadas pelo país, que fazem uso comercial de 91 tipos de minerais.
O Impacto da Mineração na Sustentabilidade
Nery explicou aos operadores do mercado financeiro que minerais como ferro, cobre, níquel e lítio são vitais para a produção de tecnologias verdes, desde turbinas eólicas e painéis solares até baterias de carros elétricos. A expansão dessas operações e o aumento da demanda por minerais críticos são impulsionados pelas metas de descarbonização do Acordo de Paris, disse Nery.
Nery afirmou que o país precisa aproveitar as janelas de oportunidades que a transição energética oferece “Muitos falam em desenvolver o setor, mas de que forma podemos aproveitar nosso potencial e explorar as oportunidades? São muitas frentes, e a descentralização é uma delas. Minas Gerais é o estado líder em produção e em investimentos, mas o Pará tem um potencial maior. A Bahia tem um ambiente mais favorável, e vai crescer bastante”, disse.
Segundo ele, o fortalecimento da indústria mineral para avançar nas etapas de exploração é outro ponto fundamental. “Por exemplo, no caso do lítio, é preciso que haja uma indústria de baterias para carros elétricos, e isso não vem do setor mineral. As taxações vindas do Congresso vêm diminuindo o poder de investimento das empresas, quando precisamos justamente do contrário”. E, além disso, infraestrutura para escoar essa produção”, explicou.
Projeções de Investimentos
O diretor do IBRAM falou também da previsão de US$ 64,5bilhões em investimentos nos próximos quatro anos, um aumento de 28,8% em relação ao ciclo anterior, com destaque para os setores de ferro, cobre e lítio. Minas Gerais, Pará e Bahia lideram os estados que receberão maior volume de investimentos, reforçando a importância dessas regiões para o setor mineral.
Entre os destaques está o minério de ferro, que deve receber investimentos de US$ 17,2 bilhões. Outros setores, como logística e questões socioambientais, também receberão recursos. O lítio, por sua vez, cuja demanda deve crescer exponencialmente devido à transição energética, terá investimento estimado de US$ 1,19 bilhão.
Nery ressaltou que o setor enfrenta desafios técnicos e econômicos, principalmente na implementação de novas tecnologias de extração e processamento, como as técnicas de extração direta de lítio (DLE). Além disso, a concentração de operações minerais em poucas regiões aumenta a dependência dessas áreas para o desenvolvimento do setor.
Ele citou dados da Agência Internacional de Energia, que excluídos o aço e o alumínio, as estimativas quanto à demanda em insumos minerais para a transição energética, no cenário mais favorável de descarbonização, seriam de 4 a 6 vezes os volumes de produção de 2020, mostrando potencial de crescimento do setor nos próximos anos.
*Artigo publicado no site da Broadcast