25/10/07

O primeiro vice-primeiro-ministro da Rússia, Serguei Ivanov, disse hoje que o fornecimento de combustível nuclear russo para o Irã será supervisionado “o tempo todo” pela Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA). “Todo o processo estará sob total e completo controle da AIEA”, afirmou Ivanov durante sua visita à usina nuclear de Angarsk, perto do Lago Baikal (Sibéria), onde a Rússia está construindo o primeiro centro internacional de enriquecimento de urânio do mundo. No início de 2005, Rússia e Irã assinaram com o apoio da AIEA um protocolo adicional sobre a devolução do combustível nuclear russo usado na usina de Bushehr, que engenheiros russos estão construindo às margens do Golfo Pérsico. Ivanov disse que, antes do envio do combustível nuclear, inspetores da AIEA visitarão a Rússia para lacrar os contêineres e instalar câmeras de vídeo. “Se, mesmo que por um minuto, estas câmeras forem desligadas, seria uma violação de todas as normas e regulamentos”, ressaltou Ivanov. Ele acrescentou que “até o último grama do combustível nuclear fornecido ao Irã retornará à Rússia”.
Em resposta às críticas israelenses sobre a cooperação nuclear entre os dois países, ele ressaltou que “a Rússia nunca fará nada em prejuízo da segurança Israel”. Ivanov também lembrou que o combustível nuclear deve ser fornecido seis meses antes de a usina nuclear entrar em funcionamento. “Habitualmente, o combustível para usinas nucleares é um produto comercial. E qualquer Estado membro da AIEA e signatário do Tratado de Não-Proliferação (TPI) nuclear tem direito a comprar combustível no mercado”, lembrou. A construção da primeira usina nuclear iraniana está atrasada há meses devido às contínuas faltas de pagamentos por parte do Irã (US$ 25 milhões ao mês). Na semana passada, o presidente russo, Vladimir Putin, negou em Teerã que o atraso na conclusão de Bushehr tenha “razões políticas”. A Rússia, no entanto, afirmou que não fornecerá o combustível nuclear necessário para o funcionamento de Bushehr até que os dois países resolvam suas pendências. A central de Bushehr, que terá 1.000 megawatts de potência, fica a 12 quilômetros da cidade de mesmo nome, às margens do Golfo Pérsico. Moscou mantém a oferta a Teerã para enriquecer urânio em território russo, de forma a eliminar os temores de que o processo seja usado pelo Irã com fins militares. Segundo a proposta russa, que conta com o apoio da AIEA, o Irã poderia enriquecer urânio na usina de Angarsk, que produz hexafluoreto de urânio (UF6), combustível usado pela maioria dos reatores das centrais nucleares. EFE io db/pa

Agência EFE