Procedimentos como processamento e reciclagem de MCE ainda não são comuns em empresas brasileiras
09/05/24
CETEM/MCTI abordou a questão em seminário internacional organizado pelo IBRAM.
A demanda por minerais estratégicos e críticos aumentou no mundo com a pauta da eletrificação veicular e solar. Apesar da abundância em recursos como lítio, nióbio e cobre, o Brasil ainda não pode ser considerado avançado em toda a cadeia que envolve a finalização desses minerais, como reciclagem ou refinamento. Pesquisa elaborada pelo Centro de Tecnologia Mineral (CETEM) avalia o grau de maturidade de empresas em relação aos minerais críticos e estratégicos e aponta que o Brasil ainda precisa vencer algumas etapas no processamento desses minerais.
A pesquisa foi apresentada no Seminário Internacional de Minerais Críticos 2024, realizado pelo Instituto brasileiro de mineração (IBRAM), durante o painel “Rotas Tecnológicas para Minerais Críticos e Estratégicos do Brasil”. Representando o CETEM, a pesquisadora Luciana Contador explicou, por exemplo, que a reciclagem do cobalto ainda é feita, em sua maioria, na China – cerca de 60% são reciclados no país asiático. Em 2050, a previsão é de que a demanda por reciclagem desse minério aumente no mundo.
Em relação ao lítio, o pesquisador-chefe do Instituto Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), Marcos Benton, destacou que a maior parte do refinamento deste minério também é feito no gigante asiático. “A gente só minera e faz a transformação”, revelou. Para Bento, o Brasil precisa se colocar na rota de começar a pode refinar esse tipo de produto dentro do território nacional.
Empresas na vanguarda
Diante do cenário desafiador, é possível notar empresas na vanguarda. É o caso da Vale Metais Básicos, a CBMM e a Companhia Brasileira de Lítio (CBL), que apresentaram suas empresas durante o evento e suas principais atividades, em especial a nova realidade tecnológica da extração e do tratamento de minerais críticos e estratégicos.
O CEO da CBMM, Ricardo Lima, explicou que a empresa é uma das principais players no mercado de nióbio no mundo e que extrai e refina o material para resultar em uma liga com alta concentração de nióbio como produto final. Segundo ele, a eletrificação “veio para ficar”. “Não há dúvida de que grandes capitais do mundo não poderão continuar emitindo altos níveis de CO₂”, completou.
Sobre o lítio, o diretor-presidente da Companhia Brasileira de Lítio, Vinicius Mendonça, falou que, atualmente, o lítio é abundante no mundo. “Tem muita gente entrando no mercado e o preço não incentiva novos investimentos”, disse.
Por fim, o senior PMO Regional Leader da Vale Metais Básicos Atlântico Sul, Cleiber Rezende, admitiu que a curva de demanda por minerais relacionados à transição energética desacelerou em relação aos primeiros parâmetros, mas que ainda enxerga como uma grande oportunidade para o Brasil. “Especialmente por questões de infraestrutura. Para alimentar o carro elétrico, precisa ter infraestrutura”, explicou.
Sobre o Seminário
O Seminário Internacional de Minerais Críticos e Estratégicos foi organizado pelo Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM) nos dias 7 e 8/5. Teve a presença de autoridades e especialistas de vários países e organizações, como: Agência Internacional de Energia; ICMM – Conselho Internacional de Mineração e Metais; Fórum Econômico Mundial; União Europeia; Unesco; Comissão de Transição Energética; representações diplomáticas de EUA, Canadá, Bolívia, entre outras; além de BNDES; CNI; CNA; ABDI; MME; MRE, MDIC; ANM; SGB/CPRM; CTEM; mineradoras, como Lundin Mining; CBMM; Vale; Kinross; Companhia Brasileira de Lítio; Hydro; organizações como Vale Metais Básicos Atlantico Sul; Humana; Instituto Igarapé; Ellen MacArthur Foundation; WEG; ABIQUIM; Mining Hub.
Temas em destaque no seminário:
- Os minerais críticos e estratégicos e a transição energética no Brasil e no mundo
- Rotas de descarbonização da mineração e da indústria no contexto da transição energética
- Política mineral e o futuro do Brasil
- Potencial dos minerais críticos e estratégicos nas Américas
O evento contou com o patrocínio da Vale Metais Básicos (ouro); CBMM (Painel); Hazemag (Painel); Metso (Painel).