Prejuízo no RN passa dos US$ 30 milhões
12/03/07
NATAL, 12 de março de 2007 – Já faz mais de um ano que as mineradoras Mhag e Toniollo Busnelos não exportam o ferro extraído da Serra do Bonito, no município de Jucurutu. Falta, principalmente, logística de transporte. O prejuízo acumulado já ultrapassa a casa dos US$ 30 milhões de dólares. O número de trabalhadores demitidos já ultrapassa os 100.
Os estudos geológicos e a preparação da área para extração ferro na Serra do Bonito, distante 19 Km do centro urbano de Jucurutu, começaram em 2003, num investimento total superior a R$ 100 milhões. Ate outubro de 2005, foi construída a estrada de acesso e várias pontes, bem como aplicados recursos na recuperação de estradas na Paraíba e no Porto do Suape, no Pernambuco.
Na prática, a extração de ferro começou no dia 10 de outubro de 2005. O transporte do ferro da mina de Jucurutu ao Terminal Portuário do Suape, percorrendo uma distância de 550 quilômetros, começou no dia 1º de novembro do mesmo ano. A meta concluir os porões de um navio (72 mil toneladas) até o mês de janeiro de 2006.
A primeira meta foi concluída. Entretanto, no dia 24 de fevereiro de 2005, a água do rio Piranhas/Açu destruiu a passagem molhada em Jucurutu, impossibilitando assim a continuidade das atividades de transporte do ferro.
As mineradoras aproveitaram o período impossibilitadas de exportar para modernizar os equipamentos de extração e de verticalização do ferro na Serra do Bonito, em Jucurutu, bem como ampliar as áreas de estoques no Terminal do Suape, melhorar as condições de alguns trechos de estradas e de uma linha férrea.
Um outro problema ainda mais greve para a continuidade das exportação vem da Justiça Federal. É que o Ministério Público Federal, representado na Comarca de Caicó pelo procurador da república Kleber Martins de Araújo, começou a investigar a possibilidade dos rejeitos da mina contaminar a Barragem Engenheiro Armando Ribeiro Gonçalves, que fica distante apenas 4 Km da Serra do Bonito.
Esse fato representaria um prejuízo ambiental de grandes proporções, já que a Armando Ribeiro Gonçalves é responsável direto pelo abastecimento de mais de 40 cidades do Rio Grande do Norte, uma grande área de projetos de irrigação e outra de fazendas de camarão e sal, na região dos municípios de Macau, Pendências e Porto do Mangue.
Como conseqüência dessa investigação, a Justiça Federal, atendendo em parte o pedido do procurador Kleber Martins, determinou a suspensão da extração e da exportação de ferro até que seja concluído um estudo de impacto ambiental. Ontem, a Justiça Federal informou que as mineradoras têm prazo até abril para concluir o estudo.
Mesmo com os problemas de logística e com a Justiça Federal, o presidente da Mhag, o empresário paulista Pio Sachi, projetava voltar a exportar ferro para o mercado Chinês logo no início de 2007. Não deu certo. O acesso a mina está prejudicado porque o Governo Federal e Estadual ainda não concluíram a ponte sobre o rio Piranhas/Açu.
“Ponte será concluída em Abril”, informa DER
O diretor do DER, Jader Torres, informou que o Governo do Estado em parceria com o Governo Federal já investiu mais de R$ 10,5 milhões na construção da ponte sob o rio Piranhas/Açu na BR-226, que vai permitir a retomada das exportações de ferro.
A obra, para o diretor, é mais importante para a população da região, do que mesmo para a exportação de ferro da Mina de Jucurutu. `Vai facilitar o acesso para quem está em Triunfo Potiguar para o município de Jucurutu e vice-versa`, diz.
A ponte tem aproximadamente 300 metros de extensão e largura compatível com rodovias federais. Inclusive, Jader Torres disse que o investimento do governo é para interligar o RN com o Estado do Ceará, pela BR-226.
Extração de ferro ameaça Armando Ribeiro
O risco de acontecer um grande acidente ambiental, igual ao que aconteceu no estado de Minas Gerais há poucos meses, é iminente. A Serra do Bonito, onde fica a mina em Jucurutu, está distante apenas 4 Km da água da Barragem Engenheiro Armando Ribeiro Gonçalves.
A Armando Ribeiro acumula 2,4 bilhões de metros cúbicos de água (recebe a água das chuvas na Serra do Bonito, onde fica a mina), é suficiente para atender a demanda de abastecimento de mais de 40 cidades do Rio Grande do Norte durante três anos.
As suspeitas foram apuradas pelo procurador da república Kleber Martins, que aguarda a realização de estudo de impacto ambiental, construção de barragens de contenção de rejeitos de ferro e outras orientações para dá parecer de funcionamento da mina a Justiça Federal.
Para prefeito, mina é a redenção econômica da região
O prefeito Junior Queiroz, do município de Jucurutu, vê a retomada dos trabalhos de extração e exportação de ferro na Serra do Bonito como um meio de redenção econômica da região Seridó e Alto Oeste Potiguar.
O prefeito traça um perfil econômico da cidade antes e depois dos trabalhos da mina. Ele ressalta que, ao contrário de antes, o comércio atual está aquecido, com mais hotéis e restaurantes em funcionamento. Ele observa também acréscimo nas vendas.
Com relação a possibilidade de contaminação da Armando Ribeiro, Junior Queiroz diz que a situação merece cuidado ao analisar, para evitar prejuízos das partes. `Está sendo providenciado um estudo de impacto ambiental que será aprovado pelo Ibama`, ressalta o prefeito. (Tribuna do Norte)
Tribuna do Norte