11/02/08

Atraídos por preços recorde, grandes empresários já começam a investir US$ 30 bilhões na prospecção de novas áreas de mineraçãoA febre do minério se espalhou pelo Brasil. Só que, nesse caso, o termômetro mede muitos bilhões de dólares em lucros e investimentos. A estimativa do governo é que o Brasil deverá atrair mais de US$ 30 bilhões em novos empreendimentos, nacionais e estrangeiros, até 2011. O Departamento Nacional de Produção Mineral recebeu 15 mil pedidos de pesquisa e emitiu 8.120 alvarás para busca de áreas ricas em minérios, apenas no ano passado. Tudo isso é sintoma da alta dos preços das principais commodities ? o minério de ferro, por exemplo, bate recordes desde 2005, quando subiu 71%, e deve ficar 30% mais caro neste ano. ?O Brasil é a grande fronteira?, diz o diretor-adjunto do DNPM, geólogo João César Freitas Pinheiro. ?Por isso há um movimento crescente de compra de empresas menores por grandes grupos e a união do setor financeiro com a mineração para fomentar a cesta de novos produtos.?O mundo sabe disso. Algumas junior companies, empresas de pequeno porte no setor de mineração, já se capitalizaram nas bolsas de valores, principalmente do Canadá e de Londres, para investir em pesquisa mineral no Brasil. Há três anos, a mineradora inglesa London Mining começou assim. Hoje, com valor de mercado de US$ 600 milhões, a empresa se chama London Mining Brasil, comprou a pequena mineradora Minas Itatiaiuçu, na região de Serra Azul (no oeste do quadrilátero ferrífero), a cerca de 70 km de Belo Horizonte, e já iniciou um processo de expansão. A idéia é aumentar a produção de 400 mil toneladas de minério de ferro para 3,5 milhões neste ano e alcançar 5 milhões, em 2009. A maior parte dessa expansão será exportada pelo porto da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), em Sepetiba, no Rio de Janeiro. ?A gente acredita na crescente demanda externa por minério de ferro?, explica o presidente Luciano Ramos. A empresa pretende ainda investir cerca de US$ 100 milhões na construção de uma usina para processar e vender antigos estoques de rejeitos. ?Existem oportunidades para empresas de todos os tamanhos?, afirma o presidente do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), Paulo Camillo Pena.O banqueiro Daniel Dantas, do Opportunity, é um dos novos atores desse mercado. Ele se uniu a dois importantes geólogos brasileiros e montou a Global Miner Exploration (GME4), que passou a investigar a ocorrência de ferro, ouro, níquel, zinco e cobre em 4 milhões de hectares de terra, 80% pertencentes à União e o restante a particulares. Nos cálculos dos geólogos, se a empresa encontrar minério em 2% dessa área, a GME4 passará a valer US$ 1,3 bilhão. ?A nossa intenção é criar o maior banco de negócios da América Latina nos próximos dois anos?, explica a diretora de relações institucionais, engenheira química Ângela Dannemann. ?Vamos identificar, avaliar e desenvolver as reservas para oferecer para outras mineradoras e outros fundos.? Os governos estaduais, especialmente de Goiás, Bahia, Minas Gerais e Mato Grosso, também vêm dando um empurrão para a descoberta de novas áreas ricas em minérios, oferecendo relatórios geofísicos aos interessados.PREÇOS RECORDE: desde 2005, o minério de ferro já dobrou de preço, levando siderúrgicas a entrar no setorCom ou sem o mapa da mina, grandes empresas estão investindo em mineração por razões estratégicas. Um caso emblemático é o da siderúrgica Usiminas, liderada pelo executivo Rinaldo Soares, que, no feriado de Carnaval, fechou a compra da mineradora J.Mendes, que produz 6 milhões de toneladas de minério, por US$ 1,8 bilhão. A empresa pagou caro ? e venceu uma disputa com a Arcelor Mittal ? para garantir o suprimento de minério de ferro. Também em Minas Gerais, a CBMM, controlada pela Brasil Warrants, holding da família Moreira Salles, está investindo R$ 250 milhões para expandir a sua capacidade de extração de nióbio e atender os clientes da área siderúrgica. E o que explica essa corrida, na verdade, é o extraordinário sucesso do empresário Eike Batista, que vendeu uma participação na MMX, criada há poucos anos, para a Anglo American por US$ 5,5 bilhões. Na verdade, muitos querem ser o próximo Eike.RINALDO SOARES:presidente da Usiminas fechou no Carnaval a compra, por US$ 1,8 bilhão, da J.Mendes DANIEL DANTAS:banqueiro criou a GME4 para investir em vários metais e prevê que a empresa valerá US$ 1,2 bilhão

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