02/08/07

Belo Horizonte, 2 de Agosto de 2007 – ArcelorMittal pode ir à Justiça para retomar a Mina do Andrade, arrendada pela Vale. O minério de ferro, que está com demanda e preço aquecidos no mercado mundial, ocasionado em especial pelo consumo chinês, é motivo de uma disputa que poderá chegar a esferas judiciais no Brasil. Duas grandes empresas, a mineradora Companhia Vale do Rio Doce (CVRD) e a siderúrgica ArcelorMittal Brasil, disputam a Mina do Andrade, situada em João Monlevade, a 110 quilômetros de Belo Horizonte. A mina pertencia a Belgo-Mineira – hoje ArcelorMittal Belgo Monlevade – e foi arrendada em 2004 pela Vale. O contrato previa que a partir de janeiro de 2005 a Vale passaria a ser a responsável pelas operações da mina por um período de dez anos. Mas agora, três anos após a assinatura do acordo, a siderúrgica está requisitando a mina de volta, alegando que a Vale deixou de cumprir algumas cláusulas contratuais. Essas cláusulas estariam relacionadas a questões técnicas na forma de exploração da mina pela Vale, que não estaria garantindo sua longevidade. De acordo com a ArcelorMittal Monlevade, o assunto está sendo discutido no âmbito corporativo da empresa, conduzido pela diretoria brasileira. Mas a assessoria de imprensa da siderúrgica informou que a Vale já foi comunicada da intenção da ArcelorMittal Brasil em ter a Mina do Andrade de volta, baseada em uma das cláusulas do contrato que permite o seu encerramento precipitado. Procurado por este jornal, a Vale afirmou, em nota, que `vem cumprindo integralmente o contrato assinado com a empresa`; e que em função disso `a decisão da CVRD é pela continuidade das operações na Mina do Andrade, não havendo, portanto, a intenção da Vale em cessar o contrato`. Como a ArcelorMittal Brasil Monlevade garantiu que dificilmente haveria negociação e que o contrato será mesmo rescindido, a questão pode parar na justiça. As empresas não quiseram dar maiores detalhes sobre o contrato ou sobre o funcionamento da Mina do Andrade. Caso não chegue a uma negociação amigável, essa disputa pode vir a atrapalhar o relacionamento das duas empresas que, até então, sempre pareceu amistoso. A ArcelorMittal é uma compradora em potencial do minério da Vale e, inclusive, utiliza em sua unidade siderúrgica de João Monlevade a ferrovia Vitória-Minas pertencente a Vale do Rio Doce, tanto para o recebimento da matéria-prima (minério) na usina, quanto na saída do aço para ser exportado. kicker: Contrato prevê que a Vale é a responsável pelas operações da reserva por dez anos, mas a Arcelor alega quebra de cláusulas

Gazeta Mercantil