23/10/07

O avanço da legislação ambiental, cada vez mais rígida quanto ao lançamento de poluentes, estimulou a expansão de um novo segmento empresarial no país. São os laboratórios de testes e análises ambientais, que avaliam a presença de contaminantes em efluentes líquidos, resíduos sólidos e emissões atmosféricas. Até a década de 1980, lembra o engenheiro químico José Natal Giboski, as análises eram executadas por órgãos estaduais, como a Cetesb (agência ambiental paulista), que eventualmente se apoiavam em um pequeno laboratório, criado para atendê-los. Giboski fundou a Ecolabor em 1992, apostando na demanda do Projeto Tietê que, com a meta de despoluir o maior rio paulista, passou a fiscalizar mais de 2 mil indústrias que lançavam efluentes nele. Hoje, o laboratório é um dos maiores do setor, com 115 funcionários. Novas demandas alargaram o nicho de mercado. As análises fazem parte, por exemplo, do cardápio da avaliação de passivos ambientais em processos de fusão empresarial. Servem para auditar a qualidade de produtos e insumos. E são requisito para fornecedores de empresas detentoras das certificações ISO 9000 (qualidade) ou 14000 (gestão ambiental), que devem atestar que seus dejetos estão livres de determinados poluentes. A própria Ecolabor se ancora em outros empreendimentos, para ampliar a prestação de serviços. Quando necessário, empresas especializadas na coleta de amostras retiram o material de análise junto a clientes de países da América do Sul e África. Quando o laboratório não possui o equipamento para determinado teste, busca apoio de uma parceira. Apesar de não haver números consolidados do setor, o ingresso de novas empresas neste mercado serve como termômetro do crescimento. Resultante de uma joint-venture entre a brasileira Geosol e a canadense SGS, a SGS-Geosol – que já oferecia um amplo leque de serviços para mineradoras – decidiu implantar seu laboratório de análises ambientais em 2005. Atende, majoritariamente, a mesma carteira de clientes da área de mineração. Segundo Iván Cisneros, gerente da divisão de meio ambiente, a expectativa é faturar R$ 3, 5 milhões este ano. Para efluentes líquidos, os ensaios são norteados pela a resolução 357/2005, do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama). No caso dos resíduos sólidos, a principal referência é a NBR 10.004 da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), que os classifica de acordo com riscos que oferecem ao meio ambiente. Os próprios laboratórios têm sua norma, a NBR ISO-IEC 17.025, que estabelece critérios de qualidade. A partir de 2008, será uma certificação obrigatória para quem quiser se credenciar junto à Cetesb. É um setor muito rentável, mas exige altos investimentos, avalia Henrique Mendes, gerente da Analytical Solutions (Anasol). “Cerca de 30% de nossos custos são inversões na qualidade do laboratório”, diz. A Anasol nasceu de uma aposta da Aurizônia Empreendimentos, do setor do petróleo e mineração, que investiu R$ 3 milhões, em 2000, para se associar a um grupo de técnicos egressos do Centro de Pesquisas da Petrobras (Cenpes). Hoje tem cerca de 160 empregados e mais de 800 clientes.

Valor Econômico