Agronegócio e mineração elevam o preço do frete
07/03/07
Por causa do ótimo desempenho dos setores de mineração e agronegócios, a demanda por fretes está crescendo no País. Em algumas regiões há um aumento de até 50%. Segundo Rafael Sergi, coordenador de Economia e Estatística do Sindicato das Empresas de Transporte de Cargas de São Paulo (Sedesp), o Índice Nacional da Variação do Custo do Transporte Rodoviário de Carga Fracionada (INCTF – FIPE/NTC, ex-INCTA), ainda apresenta crescimento tímido, mas tende a se acelerar nos próximos meses.
Entre março de 2006 e fevereiro de 2007, a variação média do indice foi de 2,23%, passando de um custo por tonelada de R$ 753,14 de 2006 para R$ 769,94 em 2007.
Para 2008, a previsão é de uma variação 4% maior no acumulo de 2007 para 2008. ?O INCTF, mede a evolução de todos os custos da carga fracionada, incluindo transferência, administração, terminais, coleta e entrega e impostos indiretos. Levando em consideração também que no mesmo período, a Petrobrás não realizou nenhum reajuste nos preços do diesel ao revendedor?, esclarece Sergi.
Sul
O período da safra agrícola promove um aumento em até 50% no preço de fretes no Paraná. Com uma economia voltada, em grande parte, ao agronegócio, o estado se mantém na expectativa de uma maior movimentação neste ano, a partir das estimativas de crescimento da produção dos grãos de verão.
O gerente de Operações da Cooperativa de Transportes de Cargas do Meio Oeste Catarinense (Cotramol), Antônio Carlos Botareli, lembra que a forte demanda acaba puxando para cima o preço médio dos fretes. ?Os pedidos deste ano foram feitos com antecedência e mesmo assim os associados estão aumentando os contratos terceirizados?, diz ele. Na cooperativa os 100 associados mantêm dois caminhões cada, número permitido para veículos próprios, mas a terceirização viabiliza o carregamento de mais de mil fretes por mês. A sede da Cotramol fica em Joaçaba, SC, mas grande parte da movimentação ocorre no Paraná, com saídas das quatro unidades da operadora no estado, em Curitiba, Guarapuava (região central), Cambé (Norte) e Cascavel (Oeste).
Com a média de preço do óleo diesel em R$ 1,80 o litro, os caminhões rodam, por exemplo, de Cascavel a Curitiba, por um preço em torno de R$ 650, mais pedágio.No início do ano, período considerado o pico da safra, a maior parte da movimentação nas estradas paranaenses segue até o Porto de Paranaguá, via férrea e rodoviária.
O presidente da Ferrolease, Estefano Vaine Junior, conta que a empresa se prepara para atender o crescimento da demanda pelo transporte férreo no país, em cerca de 7% ao ano, nos próximos cinco anos. ?Estamos investindo para participar do crescimento da participação desse modal?, diz ele, referindo-se à expectativa de aumento da participação para quase 30% ao ano em 2010, ante os 23% ao ano registrados nos últimos dois anos no país. Ontem a Ferrolease anunciou a compra de 35 vagões, pelo valor de R$ 10,5 milhões, totalizando uma frota de 146 unidades.
A América Latina Logística (ALL), que opera com transportes ferroviário e rodoviário na região Sul, estima que neste ano o preço dos fretes ferroviários devem se manter até 15% mais baratos do que pela malha rodoviária. ?Os valores são definidos conforme a negociação direta com cada cliente?, informa a empresa. No estado, cerca de 30% dos fretes ocorrem via férrea, segundo a Federação da Agricultura (Faep).
No Sul a ALL opera em uma malha ferroviária de cerca de 6,5 mil quilômetros, mantendo interconexões com o estado de São Paulo, além de Uruguai e Argentina, pelo estado do Rio Grande do Sul. Além dos granéis, a ALL tem área de operações dedicadas, para o transporte de cargas como peças e produtos gerais, para clientes como Scania, AmBev, etc.Segundo o Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria de Agricultura, a safra paranaense deve crescer 27% em relação à produção do ano passado. Serão colhidas cerca de 30 milhões de toneladas de grãos.
Infra-estrutura
A lucratividade com o serviço de frete no Brasil é puxada para baixo por causa da condição das estradas do País. Sergi conta que sua empresa é obrigada bancar os custos resultantes das más condições das rodovias brasileiras, o que acaba afetando os bolsos das operadoras que desviam o dinheiro de novos investimentos para a manutenção de caminhões e troca de pneus. ?É o famoso custo-Brasil, que faz com que o país perca competitividade no mercado internacional?, comenta Sergi.
No entanto, alguns executivos que atuam com uma gama maior de serviços, como armazenagem, movimentação e transporte, encontram saídas para incrementar a carteira de clientes, ganhando competitividade e obtendo crescimentos acima da média de seus pares.
No caso, da Columbia, o superintendente de suporte e controle da empresa, Paulo Roberto Guedes, afirma que a regulamentação da lei nº 11.442 de 5 de janeiro de 2007, sancionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que obriga qualquer tipo de transporte rodoviário de carga realizado em vias públicas a obter uma inscrição no Registro Nacional de Transportadores Rodoviários de Cargas (RNTR-C) da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), irá tirar do mercado várias companhias que realizavam uma competição predatória.?Como o transporte de cargas não era disciplinado qualquer empresa podia atuar no setor atrapalhando o desempenho das demais?, conta.
Hoje com nove centros de distribuição e uma frota de mais de 500 veículos, a Columbia projeta para este ano investimentos de R$ 20 milhões na troca de 25% dos equipamentos, em software para logística integrada, treinamento e na ampliação dos cinco portos secos. ?Com isso, a expectativa é crescer 12% em relação a 2006.Maior do que o crescimento de 6% em relação a 2005?, comenta Paulo.
Verônica Lima / DCI