Painel discute potencialidades e desafios para a Mineração Verde na Amazônia
31/08/23
A Bacia Amazônica surge atualmente como um recurso estratégico para a produção de matéria de baixo carbono, abrindo possibilidades para uma mineração global mais sustentável. A discussão envolve o desenvolvimento de novas tecnologias que auxiliam na redução dos impactos ambientais associados à atividade mineral. Este tópico foi abordado em um dos painéis realizados na última terça-feira (29), durante o Congresso Brasileiro de Mineração, na EXPOSIBRAM 2023, em Belém.
O painel, moderado por Alexandre Sion, sócio-fundador da Sion Advogados, contou com a participação dos seguintes painelistas: Henrique Carballal, diretor-presidente da CBPM – Companhia Baiana de Pesquisa Mineral; João Luiz Nogueira de Carvalho, CEO da empresa Geosol e presidente do Grupo Geopar; Lúcia Travassos, coordenadora executiva do Departamento de Geologia do Serviço Geológico do Brasil – SGB/CPRM; e Marcos André Veiga Gonçalves, diretor de Novos Negócios em Metais Básicos – Bemisa.
O presidente do Grupo Geopar, João Luiz Nogueira de Carvalho, destacou que a região amazônica já é um exemplo bem-sucedido em termos de potencial mineral do potássio. “Foram realizados mais de 60 furos (para pesquisa mineral) para um cliente, e o depósito está localizado na Amazônia, sendo viável para produção sem deficiências ao meio ambiente. Essa operação não apresenta necessidade de construção de barragens de rejeitos”, disse.
De acordo com Carvalho, o Brasil importa mais de 80% do potássio consumido no país, o que o torna um ‘mineral crítico’, conforme evidenciado nos estudos apresentados peloSGB/CPRM no painel. “Se desenvolvermos o nosso potencial desse mineral, poderíamos baixar esse percentual de importação para cerca de 40%, além de desenvolver emprego e a região como um todo”, destacou.
Além da busca por minerais com potencial viável, especialmente sob a perspectiva de emissão zero de carbono, o progresso regional e a transição energética estão intrinsecamente ligados à produção mineral sustentável e à conscientização da população sobre a importância dessa abordagem. Isso foi destacado pelo diretor-presidente da CBPM.
“As pessoas precisam saber que os minerais se encontram no nosso dia-a-dia, nas louças, na alimentação”, mas há quem não tenha esta percepção positiva e associe qualquer atividade mineradora a impactos negativos, salientou. “Nós precisamos reconstruir a imagem dos empreendimentos minerais e sinalizar nosso envolvimento com o respeito aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas, às políticas de ESG” e a essencialidade da oferta plena de minérios “para criar a musculatura do Brasil em relação à transição energética”, reforçou.
Outro ponto abordado no painel foi a busca pela superação das dificuldades que envolvem o desenvolvimento da mineração sustentável no Brasil. Destaca-se que, ao se falar de mineração, não se deve limitar o foco às grandes indústrias, mas também aos pequenos empreendimentos que compõem a cadeia mineradora. Isso foi enfatizado pelo representante da Bemisa, Marcos Gonçalves.
“Em Minas Gerais, por exemplo, temos o caso das minas de ferro de menor volume e alto teor. Isso é bom para a produção de hidrogênio verde”, disse. Já na Amazônia, o maior exemplo está em Carajás, com minas bastante conhecidas, mas pouco desenvolvidas até recentemente: “não eram desenvolvidas pela inviabilidade econômica, mas no momento que surgem empresas menores com tecnologia e mecanismos alternativos de financiamento, quem imaginaria? Hoje temos uma mina subterrânea em Carajás”, ressaltou Marcon Gonçalves.
O campo de pesquisa e estudos sobre os chamados minerais críticos continua em evolução no Serviço Geológico do Brasil. A Amazônia, especialmente as regiões de Carajás e Tapajós, ganhará destaque no curto prazo, de acordo com o programa de maior relevância até 2050, conforme destacado pela coordenadora executiva do SGB/CPRM, Lúcia Travassos.
No painel “Potencial de Exploração para Novos Projetos” os participantes tiveram a oportunidade de compreender o papel dos órgãos ambientais. “É fundamental fortalecer essas entidades, considerando que os técnicos muitas vezes enfrentam riscos criminais devido a ações indevidas, mesmo sem intenção, o que não é benéfico para o país”, apontou o sócio da Sion Advogados, Alexandre Sion, que atuou como mediador do painel. “É essencial entender a inter-relação entre os órgãos ambientais e os órgãos de controle”, disse.
Dentro do campo da mineração, as estruturas indispensáveis, segundo Sion, têm “rigidez mitigada”, mas é preciso compatibilizar quando se trata da floresta. “Na flona (floresta nacional) de Carajás, por exemplo, a proteção é algo mais complexo, isso traz resistência para o avanço do capital. A gente precisa discutir isso para mitigar os conflitos que parecem intermináveis”, concluiu.
Sobre a EXPOSIBRAM – Composta de multiatividades em um único período e local, a EXPOSIBRAM é realizada anualmente e conta com a participação das principais entidades relacionadas ao setor mineral. A feira internacional é a maior vitrine para geração de negócios. Já o congresso debate cenários e revela as tendências do segmento.
Patrocínios:
Figuram como patrocinadores da EXPOSIBRAM 2023 até o momento: Armac (Diamante), Vale (Diamante), Casa dos Ventos (Platina), Hydro (Platina), Anglo American (Ouro), BHP (Ouro), Hexagon (Ouro), Kinross (Ouro), Nexa (Ouro), Alcoa (Prata), Bemisa (Prata) Geosol (Prata), Mineração Usiminas (Prata), Appian Capital Brazil (Bronze), Brazauro Recursos Minerais (Bronze), CBMM-Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração (Bronze), Centaurus Metals (Bronze), Geocontrole (Bronze), Gerdau (Bronze), Largo (Bronze), Mosaic Fertilizantes (Bronze), WSP (Bronze) e Yara Brasil (Bronze).
Apoios:
Apoiam institucionalmente o evento a Associação Brasileira da Indústria de Ferramentas em Geral, Usinagem e Artefatos de Ferro e Metais (ABFA), Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base (ABDIB), Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (ABINEE), Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (ABIMAQ), Associação Brasileira de Engenheiros de Mineração (ABREMII), Associação Comercial e Empresarial de Minas (ACMinas), Associação das Mineradoras de Ferro do Brasil (AMF), Associação Nacional das Entidades de Produtores de Agregados para Construção (ANEPAC), Associação Paulista de Engenheiros de Minas (APEMI), Associação Paraense de Engenheiros de Minas (Assopem), Confederação Nacional da Indústria (CNI), Federação das Indústrias do Estado da Bahia (FIEB), Federação das Indústrias do Estado do Pará (FIEPA), Instituto Brasileiro de Gemas e Metais Preciosos (IBMG), Comissão de Direito Minerário da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB MG), Sindicato da Indústria Mineral do Estado de Minas Gerais (SINDIEXTRA) e Sindicato da Indústria de Mineração de Pedra Britada do Estado de São Paulo (SINDIPEDRAS).
A EXPOSIBRAM 2023 conta, ainda, com o apoio editorial das Revistas Amazônia, Areia e Brita, Brasil Mineral, Cidades Mineradoras, Eae Máquinas, Minérios & Minerales, Mineração e Sustentabilidade, In The Mine, PIM Amazônia e dos sites Climatempo, Conexão Mineral, Notícias de Mineração do Brasil e Notícia Sustentável.