Kinross Paracatu reduz custos por onça de ouro produzida de US$ 900 para US$ 540
21/06/11
No painel Otimização de Circuitos de Moagem do primeiro dia do III Workshop de Redução de Custos na Mina e na Planta, Rodrigo Barsante Gomides, gerente de Produção da Kinross Paracatu, descreveu as diversas ações desenvolvidas pela mineradora para aumentar a capacidade produtiva e a estabilidade do circuito da planta de beneficiamento inaugurada em 2008, que posteriormente trouxe redução nos custos operacionais da unidade.
Projetada para produção em seu start-up de 41 milhões t anuais, alimentação de 5.087 t/h, P80 de 75 micra, disponibilidade de 92% e recuperação de 80%, a planta composta por um moinho SAG de 38 pés e motor de 20 MW e dois moinhos de bolas, alcançou valores aquém dos dimensionados. Algumas dificuldades enfrentadas na planta, como o WI de 10,5 a 11, problemas no controle da célula de carga do moinho SAG, a alta geração de pebbles e a baixa eficiência dos moinhos de bolas, fizeram com que a alimentação caísse para 3.198 t/h, a disponibilidade para 58% e recuperação para 48,6% e o P80 sofresse aumento para 150 micra, o que levou a Kinross a buscar alternativas que melhorassem esses índices.
Para reverter o quadro, foram tomadas ações em dois momentos distintos. No primeiro, a equipe optou por reduzir a abertura das grelhas de 2 ½” para 1 ½”, aumentar o enchimento de bolas SAG de 12% para 18%, retornar a carga circulante SAG, alterar a configuração dos ciclones para Apex de 6″ para 6 ½” e Vortex de 9″ para 10″, alterar a recarga de corpos moedores de 3″ para 2″ nos moinhos e, por fim, alterar a recarga de bolas no SAG de 5″ para 4″.
Com as alterações a mineradora descobriu que na realidade o gargalo não estava no SAG, e sim no moinho de bolas, como explica o gerente de Produção. “O SAG era o equipamento que estava servindo como caixa de passagem e precisávamos usar mais a potência dos moinhos, reter material nele, diminuir o tamanho de bola para ter moagem mais fina e aumentar seu grau de preenchimento”, diz.
Com as melhorias, a planta 2 da Kinross atingiu alimentação de 3.500 t/h, P80 de 120 micra, disponibilidade de 79% e recuperação de 73%. No entanto, uma nova otimização foi necessária, uma vez que a meta prevista ainda não havia sido atingida. Para isso, a equipe reduziu a abertura do trommel e peneira de 12 mm para 8 mm, aumentou a razão de carga no desmonte do minério, que ainda se encontra em sua fase inicial. Outra alteração foi reduzir o grão de enchimento de bolas SAG de 18% para 14%, pois com o anterior, transformava-o em um equipamento de bolas sem o comprimento necessário para essa função.
Houve também retorno do uso de bolas de 5″ para o aumento de produtividade, ajuste do limite de desgaste dos Apex, que tornou-se extremamente importante para a carga circulante que estava em torno de 600%, em função do limite maior de abertura, como comenta Rodrigo Barçante. “Trabalhávamos de 6,5 a 9 de ajuste e trocávamos o Apex com 9,5, quando passamos a trocá-lo com 6,5 a 7,5. Tivemos ganho muito expressivo e conseguimos reduzir a carga circulante para 450%”, afirma.
O aumento do diâmetro de bolas e a redução do enchimento levaram a uma economia considerável no consumo de corpos moedores, reduzindo seu uso em 40%, com isso, a Kinross diminuiu a média de utilização de 400 gramas/t para 217 gramas/t. Em energia, o aumento do enchimento no SAG aumentou a potência de operação do moinho de 11 MW para 17 MW. Análises finais demonstraram que a alimentação da planta é ditada pelos moinhos de bolas, isso culminou na revisão da potência de operação para reduzir o custo específico de energia.
Com as melhorias implementadas, se conseguiu redução de 22% no consumo específico de energia, afirma Gomides. “Quando diminuímos o volume de bolas e compensamos com minério, nosso T80 caiu de 3 mm para 1,5 mm nos moinhos. Com isso passamos a trabalhar de 28 MW/t para 20 MW/t e hoje estamos com WI de 15, fazendo o mesmo que fazíamos no ano passado com WI de 11”, comenta.
Segundo a mineradora, todas as ações relacionadas à moagem, assim como demais ações realizadas na planta 2, reduziram o custo de produção de US$ 900,00 por onça produzida para US$ 540,00. As melhorias aumentaram a capacidade da planta em 25% comparada com a situação de start-up e reduziu o P80 para a flotação, contribuindo com o aumento de recuperação e, otimizada a operação do SAG, houve redução nos consumos energéticos e de corpos moedores, o que auxiliou na redução do custo de produção.
Verificou-se também o aumento de 22% na taxa de alimentação da planta, redução de 40% do consumo de corpos moedores e queda de 22% no custo de energia. Atualmente, a empresa está em fase de implantação de mais dois moinhos de bolas, um ainda em 2011, de 15 MW, e outro em 2012, com a mesma potência, elevando a capacidade de alimentação da planta para 5087 t/h. Ao mesmo tempo, um trabalho de otimização no desmonte do minério visando a melhor fragmentação está sendo implementado, para maximizar a produtividade e reduzir os custos da moagem.
Com o caso, se comprovou a necessidade de que, em plantas de matriz energética muito alta como a da Kinross, se trabalhe no plano de lavra antecipado, com razões de carga previstas, tentando minimizar problemas e consumo energético.
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